Taverna do Velho

Nightingale retribui meu abraço afagando minha cabeça. Não esperava por aquele gesto. E antes mesmo que pudesse pensar em algo, ela conseguiu fazer um pequeno show de improvisos e nos livrar daquela confusão sem nem mesmo precisar machucar o idoso que nos interrogava. — Obrigado Night. — Dizia sorridente com as bochechas ruborizadas. Pela primeira vez senti que pudia confiar-me inteiramente à Night. Ela estava diferente da primeira vez que nos encontramos. Parecia até mesmo estar simpatizando comigo. Oque me deixava extremamente feliz.

Estranhava o fato de Ragil estar incrivelmente silenciosa. Afinal, não era de seu feitio ser silenciosa e naturalmente "se contentar com a situação". Seu temperamento diante circunstancias normais já era bem extremo. Em uma situação dessas nem podia-se imaginar. Não que pensasse nela como uma pessoa ruim porem, temia que ela fosse explodir à qualquer momento.

Logo em seguida, fomos para trás do celeiro. Onde não haveria ninguém que pudesse nos incomodar ou atrapalhar. A luz do sol era facilmente devastada pelas telhas do celeiro. Somente se notava algumas possas d'água e cerca de dois cavalos. Apesar da parte de dentro ser completamente bem cuidada. A parte de trás do celeiro estava um tanto precária. Haviam vestígios de mofo em todos os cantos.

O moço logo começou à indagar conosco enquanto eu tentava acalmar a situação. Apenas queria que todos pudéssemos sair dali sem precisar lutar novamente. — Por favor moço, fique calmo. — Disse me dirigindo ao ladrão da maneira mais gentil que consegui. Logo após, me virei para Night e implorei. — Night, não podemos simplesmente perdoa-lo e deixa-lo partir? Ele não parece ser má pessoa e já temos o ouro que viemos buscar... Por favor. — Talvez Night não fosse aceitar aquele simples pedido porem, tinha novas esperanças agora que sentia que ela era uma pessoa carinhosa.

Ah, que blá blá blá desnecessário. Eu já estava cansada daquilo tudo, não sei como fiquei quieta diante daquela mentirada toda da Nightingale. Sério, inventar tantas desculpas pra quê? O que aquele matusalém, velho como um dinossauro e caindo aos pedaços, poderia fazer contra nós? Tentar nos bater com o feno? Pfff, que ridículo! Era só mandar o ladrão louro ir embora e pá, acabou. Já tínhamos ganhado um pouco de ouro a mais e recuperado o que ele roubara, então nosso trabalho estava concluído. Desconheço o por que de eu tê-lo perdoado tão facilmente, pois em qualquer situação dessas eu já teria me descontrolado e descido um murro naquela cara branquela.

— Fala sério, vamos embora, eu estou cansada! Já pegamos o meu ouro e já batemos nele, então deixe que fuja ou sei lá. Voltar a mexer conosco é que ele não vai. — falei, revirando os olhos e cruzando os braços. Meu estômago protestou com um ronco sonoro; eu estava morta de fome e precisava de algum alimento logo.

Fiquei surpreso com o choro repentino da Luna. Nossa, ela chorou só porque não reagi à sua cura? Caramba! Isso significa que o que eu sinto para ela é importante? Own, que lindo, será que ela viraria minha amiga?

— Puxa, Luna, não chora! Obrigado por tentar me ajudar, mas não entendi o motivo dessas lágrimas todas. Vai, me explica, vamos conversar! — falei, tentando ser gentil, e enxuguei os olhos dela com o punho. — agora eu sou seu amigo, sabe disso, né?

Sei lá, naquela hora pensei em como seria bem melhor se a minha companheira de viagem fosse como a Luna. Ela era tão gentil e sensível! Viajar com a Ragil era, tipo, carregar uma pedra nas costas.

— Você está certa. — esbocei um sorriso. — Não sei em quem mais irá me salvar quando estiver bêbada. — dei o último gole na garrafa e coloquei-a no chão.

Dei uma espreguiçada, estava cansada e ao mesmo tempo com sono. Além disto, minhas roupas estavam todas acabadas e rasgadas. Não havia mais nenhuma roupa para eu poder usar, estas eram as únicas que eu conseguia usar.

— Lyanna... — falei para ela, um pouco envergonhada. — Você poderia me emprestar alguma roupa, depois que voltarmos para a base?

Afinal, que garota só teria essas roupas? Eu não me preocupava muito com isto, afinal, não achei que algum dia necessitaria disto. Por incrível que pareça, eu senti vergonha pelas minhas roupas, coloquei meus braços em frente dos meus busto — escondendo-os. Minha cara estava como um pimentão.

Virei meu olhar para frente; a garota estava chorando. Olhei atentamente para aquela cena. "O que aconteceu?, pensei comigo mesma. Me levantei em direção à ela, um pouco surpresa.

— Você está bem...? — disse. — Não precisa chorar... Estamos aqui com você! — sorri.

Após receber o sorriso de Alyssa, ela falou algo que jamais dissera durante todos esses anos: pediu que eu emprestasse-a alguma roupa. De início, não pude deixar de demonstrar o quão surpresa eu estava, encarando-a. Logo normalizei minha face, e pensei melhor nisso. Não era um pedido tão estranho, afinal, as roupas atuais dela estavam completamente sujas e inutilizáveis; mas, vindo de Alyssa, ainda soava peculiar. Bom, apesar do nosso senso de moda praticamente oposto... Talvez algum dos meus vestidos servisse nela, mesmo que ficasse mais curto. Além do mais, pensando melhor, aquelas roupas eram as únicas que ela usava. Por dominar quase todo o guarda-roupa, talvez eu devesse isso a ela. Sendo assim, apenas assenti; concordando em ajudá-la.

Porém, quando observei a minha frente outra vez, Lunairetic estava chorando. Assim que minha companheira também percebeu, foi de imediato ver como a índia estava. Estranhei, afinal, ela estava completamente bem até alguns minutos atrás. Ainda assim, apenas cruzei meus braços e desviei o olhar para baixo, sem me mover da cadeira. De fato, eu não sabia o motivo daquela tristeza toda, já que falação excessiva não deveria causar esse tipo de reação. Entretanto, não quis me envolver; não é como se eu quisesse saber a razão para aquilo, de qualquer maneira. O pequeno elfo parecia querer consolá-la; então que ele e Alyssa resolvessem a situação.

Algo estava me incomodando. Aliás, quanto tempo havia se passado desde que aqueles três saíram daqui? Estavam demorando. Tudo o que tinham para fazer era uma tarefa simples: encontrar o ladrão e pegar o ouro de volta. Nada que exigisse muito, certo? Não era de minha natureza preocupar-me com os outros, principalmente aqueles que conheci a pouco, mas é de tempo perdido que estamos falando. Talvez eu devesse tirar o meu traseiro desta cadeira e ir atrás deles, mas eu estava realmente ponderando se isso valia a pena.

Depois da Luna se acalmar, ela me fez uma pergunta bem incômoda. Bem, para uma pessoa comum não seria incômoda, mas para mim realmente foi. Tentei realmente ser agradável e gentil, mas mesmo assim minha resposta foi um pouco alterada.

A verdade é que meu Cristal realmente já me machucou várias vezes, mas não por sua natureza, e sim porque já passei por várias situações onde o poder do mesmo foi alterado. Inúmeras são as vezes em que uma pessoa tentou retirar sua força ou coisas do tipo, e essa é a razão de meu poder mágico ser completamente instável e fraco, assim como minha saúde.

— Desculpa Luna, mas não quero falar sobre isso. Não é como se eu não confiasse em você, okay? Eu apenas não me sinto bem falando desse assunto. — dei uns dois tapinhas nas costas dela e sorri.

Por alguns minutos depois, Luna havia parado de chorar. Suspirei aliviada, afinal, aquilo parecia estar entristecendo ela. Sentia uma forte amizade se formando entre ela e o Maxim, isso seria bom.

Ela havia feito uma pergunta para ele, e depois para nós — eu e a Lyanna. Me senti importante, afinal, nunca fizeram uma pergunta daquele tipo para mim, mesmo eu sendo uma caçadora. Sempre quis que isso acontecesse, me fazia sentir alguma pessoa importante nos caçadores. Coloquei minhas mãos na minha cintura e falei com uma cara séria.

— Sabemos sobre várias informações. Mas, não são muitas comparadas com os tipos de cristais. Ainda há várias informações que não descobrimos, ou melhor, os outros descobriram. Afinal, há dois tipos de caçadores divididos, nós e outros somos responsáveis em busca de Magnus e qualquer outra matança sobre ele. E o outro tipo, são responsáveis em busca de várias informações sobre os cristais. — parei por um segundo. — Mas, os efeitos nas pessoas que utilizam cristais são diferenciadas, isso depende o quanto o cristal resiste em seu corpo. Mas, sobre Magnus, o ladrão, não sabemos muito sobre ele, mas sim, sobre que ele havia iniciado uma pesquisa sobre os cristais a muito tempo. Acreditamos que ele tenha coletado um número maior de informações. Certo, Lyanna? — esperei que ela concordasse.

Alguns minutos se passaram, e finalmente a índia cessou suas lágrimas. Direcionou uma pergunta a Maxim, que logo foi contornada por ele. E, em seguida, uma para nós, caçadoras. Era uma questão um pouco complicada, envolvendo cristais e qual impacto eles causam nas pessoas. Enquanto eu pensava um pouco na minha resposta, Alyssa tomou a dianteira e explicou um pouco sobre como as coisas funcionavam no grupo dos Caçadores, as informações que nós tínhamos, e o maldito ladrão de cristais. Após formular melhor minha fala, complementei:

— Exatamente. — ergui a cabeça, encarando Lunairetic; porém, mantendo os braços cruzados. — Cada cristal é diferente, então é difícil saber quais reações ele provoca no ser em que reside. Mas não podemos descartar o fato de que selar cristais alheios em si é muito ousado; para não dizer estúpido. Magnus com certeza deve ter sofrido de alguma consequência, seja grave ou superficial, brincando de ser deus. — falei com desdém — A divisão de pesquisa está dando seu melhor agora, só nos resta esperar por mais resultados. Contudo, talvez eu quebre a cara daquele espertinho antes mesmo de surgir um avanço nas pesquisas.

Após finalizar meus dizeres, fiquei alguns segundos em silêncio. Não demorou muito, e levantei da cadeira num movimento súbito. Caminhei em passos rápidos até o banheiro ao fundo. Uma vez lá, retirei ambas as luvas pretas, e lavei as mãos. O processo causou um pouco de dor na direita, já que esta estava um pouco queimada e possuía um corte não tratado — pois Yuusha só havia enfaixado o ferimento principal, na cintura. Larguei as luvas por lá mesmo, já não tinha mais interesse nelas, estavam inutilizáveis.

Lavei meu rosto algumas vezes, e sequei as mãos e ele com uma toalha. Depois, retirei o cachecol negro do meu pescoço e amarrei-o num laço virado para trás na cintura, como de costume — isto serviria para não deixar as faixas amostra. Por fim, desfiz o coque que mantinha meus cabelos presos, e fui desembaraçando-os com os dedos, de uma maneira delicada, porém, rápida.

Terminando essa pequena arrumação, retornei nos mesmos passos apressados à parte da taverna aonde os outros estavam. Fiz um pequeno aceno, chamando a atenção de Alyssa, gesticulando para que me seguisse.

— Nós estaremos indo para nossa base, pois não podemos perder tempo aqui numa hora dessas. — me dirigi a Lunairetic e Maxim — Vamos voltar em breve. Mas, em caso daqueles três retornarem antes de nós, avisem-os do nosso destino, por favor. — sem mais delongas, parti para saída, sem esperar qualquer tipo de confirmação vinda de Alyssa. Tinha chegado à conclusão que estávamos apenas desperdiçando o dia, ficando lá, e eu já havia relaxado tempo suficiente. Por hora, vamos nos recompor.

Dei um sorriso, sim, finalmente iria para a Base; minha doce casa. Com certeza Maxim e Luna puderam ver o brilho em meus olhos amarelados. Poderia descansar, assim como dormir e tomar um banho. Além disto, iria trocar de roupa, finalmente.



— Certo! — respondi à Lyanna e corri em direção aonde ela saia. — Bem... — me virei à eles, ainda com o sorriso no rosto. — Até mais! — e sai junto com Lyanna.

Lyanna e Alyssa se aprontaram para sair, e fiquei meio triste. Nem tivemos tempo de conversar e elas já estavam indo embora? Poxa, que chato. Eu estava doido para perguntar um monte de coisas... Bem, fazer o quê? Se precisavam, eu não podia fazer nada para impedir.

Acenei freneticamente para as duas com as mãos, sorrindo.

— Tchau! — falei, um pouco alto. — Espero ver vocês depois!

Depois de vê-las deixarem o lugar, lembrei da Ragil. Que droga, ela tinha que demorar tanto? Fiquei ainda mais preocupado. Ela estava cansada e seus acompanhantes também, então a probabilidade de acontecer algo era bem maior do que seria caso eles estivessem bem. Suspirei e encostei as costas na parede fria. Virei o rosto vagarosamente e fitei Lunairetic.

— Luna, você quer procurá-los...? Ragil e o pessoal estão demorando taaaaaaaaaanto! — prolonguei o "tanto" até demais e coloquei uma expressão desanimada no rosto.

Suspirei, não conseguia pensar direito, não via nenhum tipo de solução do que fazer com o loirinho e deixar ele ir não ia dar certo, com toda a certeza.
-Então, eu acho que todos devem decidir o que fazer com ele, ele pode se dar bem ou não, mas acho que deveríamos leva-lo para as meninas, assim todos nós conseguiríamos chegar num acordo. - Olhei para Yuusha e Ragil. - Acho que vai ser melhor do que simplesmente deixar ele ir, ele tem sorte de estar vivo ainda. - Então olhei para o rapaz. - Você pode vir por vontade espontânea? Existem muitas possibilidades de você se dar bem se Lyanna estiver de bom humor. Além de que não estou afim de sair carregando você por ai ou então pedir pra um desses dois te levarem, me entende?
Tentei parecer calma e simpática, mas se ele fosse conosco ficaria de olho em todos os seus movimentos, já que ele era um ladrão e era ágil, tudo poderia acontecer. Não queria recorrer a isso, porém é minha última opção.

Achei que já estava na hora de intervir naquele assunto. Pffff, que ladrão metido, Deus do céu... Nem dei atenção ao que Nightingale ou Yuu achariam ou o que seria melhor. Aquele cara estava se achando.

E só eu posso me achar.

— Vá embora, então! Não estamos te obrigando a ficar conosco. — revirei os olhos, apertando tanto minhas mãos que os nós dos dedos tornaram-se brancos. — Não precisamos de você. Se pode ir embora, faça isso!

Virei-me para Nightingale.

— Esquece esse cara. Ele é um coitado, entende? Nós realmente não precisamos de alguém assim, Lyanna não precisa de mais inúteis... De desnecessário, já temos o Maxim e ele é o suficiente. Esqueça-o. Você também, Yuu.

Apenas queria que tudo aquilo terminasse logo. Já tínhamos oque viemos buscar e realmente não tinha intenções de causar problemas para ninguém. Nem mesmo para aquele ladrão. Mas, de todo modo, Nigth não o deixaria ir embora tão facilmente. Ragil pelo contrário já parecia estar exausta. Decidi que o melhor a fazer seria concordar com Nigth.

— Por favor senhor, Night não o deixará partir à não ser que nos acompanhe. — Dizia tentando esclarecer a situação para que o ladrão compreendesse mas, ele parecia não entender.

Logo em seguida me virei para Ragil retrucando à suas palavras enquanto apalpava suas bochechas sorridente. — Não fale assim! Ninguém é inútil. Todos temos uma missão no mundo, mesmo que seja pequena. — Assim que terminei de pronunciar, soltei suas bochechas recuando para trás. Só então me lembrei que Ragil tinha um temperamento instável.

Passei a mão no rosto, incrédula. Realmente, existem pessoas que pensam de um modo inacreditavelmente estúpido, pensei. Como alguém podia achar que não existem inúteis, sendo que ela mesma é um? Ah, e que diabos era aquilo de pegar na minha cara?! Sinceramente, essa criança não sabe com quem está mexendo. Ergui os olhos para ele e respirei fundo, me controlando para não torcer os pulsos que tocaram meu rosto.

— Tch. Garoto, isso de cada um ter uma missão pode até fazer um pouco de sentido, mesmo que pouco. Porém, existem as pessoas que têm missões maiores, e as que tem menores acabam as atrapalhando. — falei, explicando tudo com gestos como se falasse com uma criança de seis anos. Dei uns dois tapas de leve nas bochechas dele e me virei, colocando as mãos nos bolsos traseiros de minha calça. Fazia um frio desgraçado naquela bosta de lugar. — E é por isso que pessoas com missões menores são inúteis, porque se metem com pessoas de missões maiores e as atrapalham. O Maxim não é inútil, então, já que a missão dele é realmente grandiosa... Ok, sobre o Maxim ser inútil, retiro minhas palavras. Ele não é tão inútil assim.

Alyssa e eu caminhávamos tranquilamente pela cidade, indo em direção à fronteira, ou seja, para nossa base. Avistei o casaco de minha companheira no chão, ela provavelmente largou-o lá enquanto lutava. Abaixei e peguei-o, e sem dizer uma única palavra, estendi-o para que ela pegasse. Estava bem frio e, além disso, ela tinha machucados enfaixados por todo o corpo; era exorbitantemente chamativo. Isso sem mencionar que trajava um biquíni em pleno fim de inverno.

Apesar do clima nada agradável, havia uma quantidade considerável de pessoas nas ruas. Imagino que seja porque a primavera logo virá, e consigo, o Festival Azura. Um período sempre agitado nessa região, certamente um incômodo. E, como se não bastasse, há aqueles irritantes requisitos de que a família real deve estrelar os desfiles nos festivais. Meu pai, o rei, não tem mais jeito e nem idade para esse tipo de coisa. Já eu, tenho evitado essa baboseira há três anos, e assim será novamente. Isso sempre gera alguns problemas, mas as pessoas deviam apenas se conformar com isso de uma vez.

Como eu estava um pouco distraída, acabei por quase esbarrar-me numa mulher de cabelos loiros e curtos. Ela meio que me pediu desculpas, e disse que não havia me visto. Ignorei seus dizeres, a fim de não me irritar desnecessariamente. Contudo, notei algo de estranho nela. Era verdade que em sua cabeça não haviam muitos fios de cabelo, mas, em uma parte específica, a quantidade era ainda menor. Calvície, talvez? Enfim, não importa.

O percurso até a base era um tanto quanto longo e cansativo, e eu estava realmente entediada. Portanto, resolvi puxar conversa com Alyssa, aproveitando que estávamos "sozinhas".

— Ei, Alyssa. — chamei sua atenção — O que você acha daquelas pessoas? Quero dizer, que têm nos acompanhado recentemente. O albino, a ladra, a barraqueira, o elfo e a índia, sabe? — enfasei com desdém a palavra "barraqueira". Confesso que fiquei um pouco curiosa sobre o que Alyssa realmente pensava a respeito desses problemáticos.

LOL, CIS ativo novamente! Yaaaaaaaay! ~ \o/

______________________

Caminhava tranquilamente, um pouco sonolenta. Caramba, como será que eu conseguia estar acordada sem dormir esse tempo todo? Era algo que nunca havia acontecido comigo; por mais que eu tenha bastante sono. Ah, esperava logo para chegar na nossa base e eu pular direto à minha cama, mas, só depois do banho!

Lyanna havia parado ao meio do caminho, e eu também para esperar-a. Quando percebi, ela estava pegando o meu casaco; o qual eu havia tirado para lutar, e esticou o braço, dando-o. Peguei ele, e claro, vesti-o. Por mais que eu não sentisse tanto frio, apenas iria vestir para esconder meus ferimentos; que estavam expostos, mas não fechei na frente.

— Obrigada! — sorri como um agradecimento, e seguimos em frente.

Notei a movimentação dos lojistas e alguns feirantes, estavam bem agitados. Pois, o festival estava logo chegando. Eu nunca tinha ido em algum festival, mas neste ano, eu queria ir! Mas... Talvez isto seria uma falha, afinal, a vida como caçadora não é nada fácil. Mas, se der, irei chamar Lyanna para ir junto, porém, duvido muito se isto acontecer.

Lyanna havia me feito uma pergunta, que logo quebrou o silêncio que estava conosco.

— Hum... — parei um pouco pelo caminho — Bem... O Yuusha, eu acho ele bastante destemido e com uma grande força de vontade! Por mais que eu ache ele bastante tímido... A Nightingale, eu admiro muito ela, por mais que ela seja fechada, eu acho-a bastante inteligente! — dei uma pausa, estava quase sem fôlego para falar — Ah, a barraqueira... — dei uma risada — Haha, por mais que ela seja desse jeito, tenho certeza que ela é uma boa pessoa! Eu acho o Maxim com bastante alegre e conversa bastante também! A Luna eu acho que ela tem sábias palavras e boas escolhas! —  sorri.

Seguimos em frente, indo em direção à nossa base.

OFF: Já estava na hora, né? LOL

Sorrir foi inevitável, afinal, Alyssa certamente é uma pessoa boa e confiável. Embora algumas de suas opiniões não coincidissem exatamente com as minhas, fiquei feliz com suas palavras. Me deram a sensação de que aqueles problemáticos são muito mais do que isso, em um bom sentido. De fato, as coisas têm se tornado mais agitadas ultimamente, graças a eles; seja positivamente ou negativamente.

— Belo discurso. — falei, mantendo o sorriso — Talvez você esteja certa. Aquelas pessoas não são tão ruins assim, não é? — ri sutilmente. — Com o tempo, podem ser tornar valiosos aliados.

Continuamos andando. Em alguns momentos, um silêncio não constrangedor, e sim agradável, se estendia; em outros, conversávamos tranquilamente sobre coisas sem importância. Mesmo num ritmo relaxado, eventualmente alcançamos nosso destino. Já podia avistar a base ali, ainda menor, no horizonte.

OFF: Postei pela Evelyn, já que ela está com problemas no computador, e nos comunicamos pelo Skype! (celular) ^^ Obrigada Ragil, pela ajuda com a mensagem! =)


Sério, ele não estava querendo ir? Aquilo parecia muito mais difícil do que eu pensava, obviamente Lyanna e o resto deveriam estar nos esperando, e atrasar não seria muito bom da minha parte. Estava muito pensativa para a resposta que daria à ele, tanto que nem estava prestando atenção na bronca que Ragil estava dando ao Yuusha.

Além disto, aquilo já estava me fazendo perder a paciência. Dei um suspiro, duas vezes, três... Que coisa! Eu não sabia o que pensar à responder ele, será que ele nunca tinha ouvido falar sobre os cristais? Pode ser que isto seja possível...

– Bem... – mordi o canto dos lábios, pensando em qual seria o melhor modo para poder persuadi-lo. E, se há algo em que sou boa, claro que é na persuasão das pessoas – Você parece interessado na questão dos Cristais. Existem pessoas em nosso grupo que conhecem bastante sobre ele... Não lhe parece uma boa pedida? Vamos, vamos, não desperdice essa chance, "maninho". – dei um riso referente ao maninho, já que nossas aparências eram quase similares. – Vamos lá!

Segui em frente, não esperava a resposta dele, pois ele já sabia que o que ele deveria fazer era me seguir. Isto valia também à Ragil e o Yuusha; em direção à Taverna.

Pobrezinha daquela ladra, se estava achando que eu a seguiria. Como se eu abaixasse a cabeça para alguém e obedecesse suas ordens! "Que absurdo, não se fazem mais ladrões como antigamente" pensei, tomando a frente e caminhando imodestamente. O clima frio daquele lugar não me deixava nem um pouco feliz; minha terra natal era exatamente o contrário, tendo um ar quente até demais se estendendo por todo o ano.

Não me sinto confortável usando camadas e camadas de roupas, muito menos armaduras – mesmo que eu já as tenha usado em certas ocasiões, como combates em coliseus ou lutas combinadas, onde ter mais proteção era realmente preciso. Porém, me agrada muito mais usar apenas roupas leves, apesar de que não costumo usar algo vulgar. Não que meu corpo não seja bonito o suficiente para isso... Como todas as coisas em mim, ele é magnificente, é claro.

Eu sabia o caminho de volta para a Taverna, então pude caminhar sem problema algum. Em meu rosto, uma expressão emburrada e incomodada prevalecia. A combinação de um frio da porra, dor, cansaço, fome e ainda o inchaço na lateral de minha face por ter levado uma dezena de murros só me fazia querer alugar rapidamente um quarto de hospedaria e dormir até o mundo acabar, depois de pegar o pirralho de volta na Taverna.

Falando nela, a vi aparecendo logo à frente, com as outras pessoas caminhando não muito longe de mim. Praticamente me arrastei até a entrada.

– Tch, finalmente... – suspirei, tirando a franja da frente dos olhos, aliviada por não ter surtado no meio do caminho e começado a chutar alguma árvore para descontar meu cansaço e irritação – Oh, velho, eu necessito de uma cerveja.